sábado, 29 de outubro de 2011

Fernando Brizio... Design made in PT


"Figura emblemática do design, Fernando Brízio surpreende com cada nova peça. Cria objectos simples, inteligentes e carregados de humor. Seria a pessoa certa para conceber os cenários de uma história de Lewis Carol. A sua obra não tem respostas. Tem perguntas. O design é uma profissão ou uma filosofia?"

Fernando Brízio nasceu em Huila, Angola em 1968.  Termina em 1996 o curso de Design de Equipamento da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Tem vindo a desenvolver, desde 1999, projectos de design de produto, cenografia e Expos

para a Authentics, Details, Protodesign, Atlantis, JM Glass, Droog Design, Coreógrafo Rui Horta, Modalisboa, DIM-Die Imaginäre Manufaktur, Intramuros, Fabrica/Benetton, Schréder, Lux/Loja Atalaia e Cor Unum.

Fernando Brízio sempre se destacou no panorama nacional, e cada vez mais no internacional, onde as suas propostas sempre foram conceptuais, deixando muitas vezes a estética do objecto ser ultrapassada. Mas ultimamente as suas propostas têm conseguido juntar essas duas vertentes, e com grande efeito.
Na exposição Tabourets, na Kreo em 2007, participou com o "banco em trompe l’oeil" Alice, que mais não é que, de forma brilhante, uma mesa de cabeceira “arquetipal” reduzida a uma imagem bidimensional (um wall sticker de PET, colado à parede) com uma gaveta tridimensional de madeira (na figura abaixo What You See is Not)Com esta proposta esteve também na Design Miami



Consciente do papel do designer enquanto construtor de um mundo artificial que o ser humano vai habitar, Brízio trabalha os objectos enquanto “suportes de relações” com o corpo, através da quais experienciamos a realidade. Esta intuição sensível informa projectos onde o humor, a subjectividade e a emoção se aliam a uma consciência aguda do funcionamento dos objectos e seus utilizadores num contexto que é não apenas físico mas também sócio-cultural, político e económico.
A concretização dos projectos constitui-se num processo de acumulação de valor e significado. Nele, o designer conduz um diálogo com os materiais e as oportunidades que estes ocasionam, os artesãos a que recorre, as particulares dos lugares onde trabalha. É nesta articulação de sensibilidades que a obra de Fernando Brízio revela o seu potencial configurador do mundo desenhado que habitamos e que, por seu turno, nos molda os gestos, o olhar, a experiência e conhecimento que dele temos.


Mergulhado no calor lisboeta, atravessando as ruas sem trânsito, as paragens de autocarro sem filas, Fernando Brízio passou o Verão em buscas antológicas. Vasculhou gavetas à procura de desenhos antigos, abriu caixotes há muito arrumados a um canto, esquadrinhou casas e armazéns. Encontrou projectos do tempo em que ainda era aluno da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, recuperou peças antigas e enumerou os achados. A encomenda da Experimentadesign era clara: juntar tudo o que criou na vida para montar uma exposição retrospectiva.


Words by M. Carona, Experimentadesign, playtime and FerdoS

domingo, 16 de outubro de 2011

The Fifth Empire...


God wills, man dreams, the task is born.
God wanted the world to be whole,
The sea to connect, and no longer divide.
He chose you and you went forth unraveling the foam,

And the white rim went from island to continent,
Clearing up, racing, to the end of the world,
And the whole Earth was suddenly seen,
Emerging, round, from the deep blue.

He who hallowed you, made you Portuguese.
Of the sea and us, in you he gave us a sign.
The Sea was accomplished, and the Empire was undone.
Lord, Portugal is yet to be accomplished!

"Mensagem" by Fernando Pessoa



This poem, dedicated to Prince Henry, the Navigator, is one of the best known in Mensagem. The often-cited last verse is related with the main theme of the Poem: Portugal has a mission, the first part of which was the spearheading of the Discoveries (the unraveling of the foam, that went from island to continent). But its accomplishment as a nation is not yet complete for there is a second part to its mission: the showing of the way to the Fifth Empire!
...
We're ready!
...
FerdoS

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

L' Espirit...

( L'Espirit - 1991 - Oil - FSerrano © )

L'esprit de l'escalier (or l'esprit d'escalier), usually translated as "staircase wit", is the act of thinking of a response, argument or clever comeback when it is too late to deliver it. The phrase can be used to describe a riposte to an insult or any witty remark that comes to mind too late to be useful, after one has left the scene of the encounter. The phenomenon is usually accompanied by a feeling of regret at not having thought of the retort when it was most needed or suitable.
This name for the phenomenon comes from French encyclopedist and philosopher Denis Diderot's description of such a situation in his Paradoxe sur le comédien. During a dinner at the home of statesman Jacques Necker, a remark was made to him which left him speechless at the time, because, he explains, "l’homme sensible, comme moi, tout entier à ce qu’on lui objecte, perd la tête et ne se retrouve qu’au bas de l’escalier" ("a sensitive man, such as myself, overwhelmed by the argument levelled against him, becomes confused and can only think clearly again [when he reaches] the bottom of the stairs"). 
In this case, “the bottom of the stairs” refers to the architecture of the kind of hôtel particulier or mansion Diderot had been invited to. In such houses, the reception rooms were located on the étage noble, the noble storey, one floor above the ground floor, so that to have reached the bottom of the stairs means to have definitively left the gathering in question.

Oil by FSerrano / Photo by FerdoS / Words by Wiki

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Algar do Carvão...dentro do cone de um vulcão!


A grande erupção, conhecida como “do Pico Alto”, que ocorreu a norte do aparelho vulcânico do Guilherme Moniz, já existente, derramou as suas lavas a grande distância. Mais tarde, uma nova erupção, desta vez basáltica, rasgou o solo e iniciou um processo que levaria à formação de um vulcão estromboliano – O Pico do Carvão. Numa primeira fase, ao forçar e tentar romper o derrame traquítico, já existente e que constituía uma barreira natural de consistência pouco “colaborante”, formou a zona da lagoa e as duas abóbadas sobre a mesma. Posteriormente, numa nova tentativa de evasão, as lavas basálticas, romperam mais ao lado a actual chaminé, saindo para o exterior. Na sua fase final o magma desceu para o interior das condutas mais profundas e da câmara magmática, dando origem, essa ausência quase instantânea do magma, à formação do Algar propriamente dito.
Os derrames de lava muito efusiva, produziram rios de lava ácida muito fluídas que carbonizaram vegetação existente. A datação de um dos fósseis então formados, dá para o Algar do Carvão uma idade de aproximadamente dois mil anos.
O cone vulcânico, que alberga no seu interior, situa-se sensivelmente no meio da ilha Terceira, a norte da cidade de Angra do Heroísmo, distando desta cerca de 12 Km por estrada. O acesso é fácil, recorrendo à rede viária pública que apresenta sinalização suficiente para o efeito. Possui uma posição geográfica de coordenadas 38º 45’ N e 27º 15’ W e uma altitude de sensivelmente 640 m.



O primeiro relato de uma descida ao Algar do Carvão de que se tem conhecimento data de 26 de Janeiro de 1893, com a utilização de uma corda, levada a cabo por Cândido Corvelo e José Luís Sequeira. Uma segunda descida foi efectuada por Didier Couto, em 1934, que elaborou o primeiro perfil do Algar. Em 1962 outro grupo desconhecido terá descido. Apenas a 18 de Agosto de 1963, se deu início a descidas organizadas ao interior do Algar, por um grupo de entusiastas, que mais tarde se haviam de organizar numa associação denominada de “Os Montanheiros”, com recurso a um sistema mais elaborado.
Com recurso a sistemas de iluminação portáteis mais eficientes foi possível a progressão no Algar de forma a explorá-lo até ao mais remoto e ínfimo buraco. Com a recolha de elementos caídos no chão foi possível trazer à luz do dia e aos olhos de todos uma mostra de alguns dos materiais que componham a gruta. Após as primeiras descidas, e com o valor patrimonial que haviam reconhecido nesta cavidade, decidiram que algo de tão belo e raro deveria ser partilhado com muitos outros. O sistema de descida, pela boca do Algar, não tornava essa tarefa viável, uma vez que levavam praticamente um dia para fazer descer e subir 6 a 8 pessoas, mesmo assim muitas foram as expedições realizadas com esse propósito, que nos fins-de-semana faziam deslocar dezenas de populares a cada vez. Uma solução mais funcional, para levar os interessados ao interior do Algar, estava no entanto à vista. Com os Montanheiros já constituídos, foram feitos levantamentos topográficos para a abertura de um túnel, de forma a permitir um fácil acesso a quem quisesse visitar e estudar este algar. Com início em 28 de Maio de 1965 e até 28 de Novembro de 1966, aos fins-de-semana e feriados, conseguiram os Montanheiros rasgar um túnel de 44 metros até ao interior do algar, que veio mais tarde a ser alargado e consolidado a betão. Foram feitas escadarias no interior, inicialmente em madeira para permitir o acesso à parte inferior do algar. Diversos actos de vandalismo destruíram totalmente essas escadas interiores. Posteriormente, em 1977, foi construída a actual escadaria em betão, com uma extensão total de 300 metros, repavimentada e alargada em 2003. 


O valor e mérito que a associação Os Montanheiros mostrou, em todo este longo período de expedições ao Algar, nomeadamente com a abertura do túnel e a construção da estrada, não passaram despercebido ao proprietário dos terrenos, com quem os Montanheiros mantinham uma relação de amizade, e que haviam autorizado verbalmente todas essas acções. Não é pois de estranhar que a 30 de Novembro de 1973 uma porção desse terreno, que albergava o algar, fosse doada por José Ataíde da Câmara e sua esposa aos Montanheiros. Foi doada ainda a faixa de terreno, onde Os Montanheiros haviam rasgado o acesso, derivando do Caminho do Cabrito, que facilitava a chegada ao Pico do Carvão e que actualmente se tornou em caminho de domínio público. É sem dúvida a cavidade vulcânica mais conhecida nos Açores tendo-se tornado na primeira com condições de recepção a visitantes, nomeadamente com uma entrada artificial desenvolvida para esse fim (túnel), electrificação permanente, horário e calendário anual de aberturas ao público. Após o término do caminho e do túnel, procedeu-se à respectiva inauguração, a 1 de Dezembro de 1968, data da primeira abertura ao público. Era então o algar procurado e visitado pela população destas ilhas e alguns turistas que por cá passavam, guiados por elementos de "Os Montanheiros", e iluminados por focos de mão, de testa e candeeiros a gás. Em 1987 conseguiu-se terminar a montagem de um primeiro sistema de iluminação fixa no interior, alimentado por um gerador. Com o decorrer do tempo, foi construída uma casa-apoio para recepção dos visitantes e outra para albergar os grupos geradores e arrumos. Actualmente este Algar está aberto durante o Verão a todos aqueles que o queiram visitar, registando anualmente uma procura da ordem dos vários milhares de visitantes.



Photos by FerdoS / Words by Os Montanheiros

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Uma Real Vila Viçosa Poética...


Porque também eu faço parte dela, como ela de mim, nas recordações de infância, na genealogia presente, na sua riqueza cultural e no sangue real que lhe corre nas azuis veias encorpadas num sublime rosa mármore... Hoje, uma encantadora sugestão de minha autoria. Bem-vindos a este nosso Real Alentejo Calipolense!

Vila Viçosa é uma bonita Vila Alentejana, sede de concelho, com uma rica história e um património invejável, sendo mesmo conhecida por Princesa do Alentejo
Desde cedo ocupada pelo homem, Vila Viçosa apresenta vestígios arqueológicos desde tempos pré-históricos, tendo sido ocupada pelos romanos e muçulmanos até ser conquistada em 1217, durante o reinado do rei D. Sancho II. Foi em 1461 que Vila Viçosa viu enriquecido o seu território, ao passar a fazer parte do ducado de Bragança, e em 1502 inicia-se a construção do Paço Ducal de Vila Viçosa, o seu mais emblemático monumento.



Em 1910, com a Proclamação da República, Vila Viçosa caiu em franca decadência, devido ao objectivo dos republicanos em apagar todos os vestígios da monarquia, conseguindo contudo, já na década de 30, reerguer-se muito devido à exploração de uma das suas maiores riquezas: os Mármores, mas também ao início da indústria turística, abrindo-se o Paço Ducal com esse intuito. De facto, Vila Viçosa é conhecida mesmo internacionalmente pela abundância de mármore na região, nomeadamente o rosa, extraído e explorado a partir de mais de 160 pedreiras. Localizada numa das regiões mais férteis do Sul de Portugal, Vila Viçosa apresenta inúmeros monumentos de grande interesse, destacando-se o Castelo do século XIII, a bonita Igreja Matriz, a Igreja e Convento dos Agostinhos, os Conventos de Santa Cruz, Capuchos, da Esperança ou o renascentista Convento das Chagas, bem como as muitas casas apalaçadas decoradas com o tradicional mármore, e a grande herança manuelina por entre pormenores arquitectónicos da vila. A oferta museológica é também variada, com destaque para o Museu do Mármore, o dos Coches, o de Arqueologia e o de Arte Sacra, não esquecendo o Museu da Caça, que tanto se adequa a estas paragens, com a sua Tapada Real, o antigo couto de caça dos duques com um perímetro de 18 quilómetros, de grande beleza. Entre as várias personalidades naturais de Vila Viçosa, destaca-se a poetisa Florbela Espanca, precursora do movimento feminista em Portugal, e autora de fabulosas obras de arte, conseguindo levar a glória da Vila mais além. 

Meio-dia. O sol a prumo cai ardente,
Dourando tudo…ondeiam nos trigais
D´ouro fulvo, de leve…docemente…
As papoulas sangrentas, sensuais…
Andam asas no ar; e raparigas,
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram por entre o ouro das espigas
Os perfis delicados e trigueiros…
Tudo é tranqüilo, e casto, e sonhador…
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: onde há pintor,
Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!
(in No Meu Alentejo - Florbela Espanca)

FerdoS
(Photos by Marco Coelho e Carlos Silva)

Quantas viagens e mochilas depois Bruce Chatwin?!...

“Esta manhã não tenho nenhuma religião em especial. Meu Deus é o Deus dos Caminhantes. Se alguém caminhar o suficiente, é bem provável que não necessite de nenhum outro Deus.”


Chatwin, autor de “Na Patagónia”, “O Vice-rei de Ajudá” , “Que Faço eu Aqui” e “ O Canto Nómada”, entre outros, nasceu em 1940 e morreu de sida em 1989. Trabalhou como jornalista no Sunday Times Magazine e ficou famosa a sua carta de demissão onde escreveu apenas, “Fui para a Patagónia”. Foi antiquário mas principalmente viajante e atraía tanto homens como mulheres com o seu ar de rapaz atrevido – na realidade, Chatwin era totalmente narcísico e havia nele qualquer coisa de "podre" como afirma Dwight Garner. O mais interessante tem a ver com as suas incontáveis viagens solitárias, os seus hábitos pouco "ortodoxos" – conta-se que fazia caminhadas pelo campo, nu, com botas e flores atadas ao pénis – a sua amizade com Susan Sontag – que dizia que Chatwin era o único amigo capaz de partilhar com ela uma refeição em Chinatown de "intestinos fritos e unhas dos pés" – e com Paul Theroux. Foi através de Sontag que poderá ter conhecido Sam Wagstaff, o patrono e amante de Robert Mapplethorpe que Chatwin dizia ter sido quem o infectou com o HIV – outras vezes contava que tinha sido repetidamente violado no Daomé. Na sua correspondência, torna-se visível o tipo de relação que teve com a mulher de quem viveu separado a maior parte do tempo – casaram em 1965 – mas que o tratou devotadamente durante a doença. Uma personagem complexa e trágica que provocou polémicas devido ao facto de nem sempre descrever as culturas, as pessoas e os lugares que conheceu com objectividade. Ao fim e ao cabo Chatwin era um escritor e não um sociólogo, historiador ou antropólogo…


Eis um livro que podemos classificar como um marco na literatura odepórica moderna: Na Patagónia, de Bruce Chatwin. Publicado em 1977 foi a primeira obra escrita pelo autor inglês e a que o consolidou como um dos grandes travel writers britânicos de todos os tempos.
O que diferencia essa obra de tantas outras narrativas de viagem? Algumas particularidades, entre elas a habilidade de Chatwin em misturar no seu relato de viagem a ficção com a realidade; essa obra marca um novo olhar sobre os relatos de viagem, onde o narrador sente-se livre para interpretar aquilo que vê e vivência sem se prender à realidade absoluta das circunstâncias. É claro que isso, em algum momento, poderá desagradar a algumas pessoas, particularmente aquelas que fazem parte da história, como de facto aconteceu com Chatwin (alguns dos personagens entrevistados disseram mais tarde que suas conversas com o escritor não aconteceram da forma como foram relatadas).
Para Chatwin existem algumas chaves de leitura para que se possa captar melhor o propósito de sua obra. Para ele, a Patagónia é o lugar mais distante que o homem caminhou desde o seu local de origem, sendo por essa razão um símbolo de inquietação, de desassossego. Na opinião de Chatwin, a descoberta da Patagónia teve o mesmo efeito na imaginação do homem que a chegada à lua, de forma ainda mais poderosa.
Na Patagónia o autor intercala passagens históricas e lendárias relacionadas aos lugares pelos quais vai deambulando, e isso contribui muito para que se crie na nossa mente o imaginário de uma Patagónia quase mítica, como se essa região do planeta fosse de facto um fim do mundo para onde se dirigem todos os exilados do planeta, para onde vão aqueles que já não encontram o seu espaço na sociedade. Para esses, a vida só tem sentido na solidão, entendida aqui nos seus aspectos mais diversificados (geográfica, social, familiar, espiritual...). Uma obra grandiosa, Na Patagónia é uma lição para quem quiser aprender como escrever um relato de viagem com muito estilo e categoria.


FerdoS 
(Desenho: Shawn Yu / Textos: Comunidade de leitores e P.Césare )

sábado, 6 de agosto de 2011

Rotas e Percursos de grandes cidades em BD...

A partir de 13 de Julho, o Público começou a distribuir à quarta-feira uma série de sete guias consagrados a Veneza, Roma, Nova Iorque, Florença, Marraquexe, Praga e Bruxelas. A colecção Rotas e Percursos é uma iniciativa conjunta com as Edições Asa, composta por guias com itinerários urbanos que têm a particularidade de serem ilustrados por grandes nomes da BD mundial. Desenhos originais, planos das cidades vistos à lupa, informação sobre os bairros históricos, dicas sobre lugares pouco conhecidos, curiosidades e histórias da cidade são alguns dos conteúdos destes livros onde as fotografias foram integralmente substituídas por ilustrações e imagens de banda desenhada. Os roteiros dos dois primeiros títulos são feitos na companhia de Corto Maltese e Alix.
Se perdeu os primeiros volumes, não desespere, pode sempre encomendar os que estão em falta numa banca perto de si. Recomendo sim :)
by FerdoS (Kuentro e Fugas)

sábado, 30 de julho de 2011

Escrever, Viajar e Ler com Moleskine...


A Moleskine, criadora dos mais míticos blocos de notas para viajantes, acaba de lançar três novas colecções para Escrever, Viajar e Ler que vão muito além dos tradicionais cadernos. Estes novos blocos, desenhados por Gilio Iacchetli, incluem canetas e lápis, mas não só.
Chegam com malas e sacos, óculos e suportes de leitura, além de lanternas recarregáveis através de ligação USB. A ideia é criar um "pacote de ferramentas de fruição cultural e vida nómada", explica a marca. Mas, apesar de surgirem com um toque de alta tecnologia, "os novos acessórios mantêm muitas das características familiares dos cadernos Moleskine", como o elástico, a cor preta e até a etiqueta in case of loss (em caso de perda).


Além disso, são destacáveis, o que possibilita a personalização de cada bloco como um único. Apresentadas em Portugal na semana passada, na LX Factory, em Lisboa, as colecções Moleskine Writing, Travelling and Reading já estão disponíveis em livrarias e lojas um pouco por todo o país.


Em Setembro, há mais novidades do mundo Moleskine e com toque luso: chegam os cadernos Cover Art, desenhados pelo português Ricardo Cabral.

Moleskine... loved by FerdoS ( Words by Carla B. Ribeiro Fugas )

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Recordando uma deliciosa Seia de ARTIS...

O Festival ARTIS X, decorreu entre 7 de Maio e 5 de Junho de 2011, na Casa Municipal da Cultura de Seia e noutros espaços alternativos da cidade de Seia e para além da Exposição de Pintura e Escultura deste concurso, teve ainda a decorrer Mostras de Pintura, escultura e fotografia de artistas locais, num total de mais de 100 obras expostas.
Um convite à Arte, à sua gastronomia, às suas gentes, à cidade e obviamente à região. Excelente!


Eis a lista dos artistas que foram seleccionados para o concurso Salão de Artes Plásticas de Seia:

Fernando Serrano, Setúbal; Adriana Matos, Azambuja; Josil - Fortaleza (Brasil); José Constantino, Maia; Maia Caetano, Pinhel; Carlos Osório, Porto; Mariana Moura, Paço D’Arcos; Migvel Tepes, Povoa de Varzim; Ricardo Sanches, Soito; Rita Roque, Linda-a-velha;

Florentina Resende, Rio Tinto; Gina Valente, Vila Verde de Ficalho; Paula Aniceto, Santa Maria da Feira; Rui Tavares, Vila Real; Amie, Oliveira do Hospital; José Mário Santos, Maia; Bruno Soares, Viseu; Carina Alexandre, Seia; Carolina Chamusqueiro, Matosinhos;

Ana Garcia, Oliveira de Azeméis; Angela Belindro, Lisboa; José Rosinhas, Porto; Susana Stoyanova, Oeiras; Ricardo Cardoso, Seia; Adelino Cunha, Seia; Ana Carvalhal, Seia; Anabela Paiva, Maia; António Nogueira, Seia / Carapinheira; Belarmino Morgadinho, V. N. Poiares;


Daniel Lopes, Seia; Fernando Saraiva, Figueira da Foz; Hugo Maciel, Quinta do Conde, Sesimbra; Iliana Menaia, Ponte de Sor; José Carlos Marques, Oliveira do Hospital; Lucas Ressurreição, Seia; Patrícia Franco, Vila Nova de Gaia; Pedro Ribeiro, Seia; Virgínia Pinto, Seia.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mary Jane...


Pensei dizer que nasceu a norte do Tejo, LX sim, que cria os seus trabalhos a sul do mesmo, perto daqui e dali, mas será melhor simplesmente descobri-la. Mary Jane... 
Pensei em falar na sua formação no AR.CO, na ARTES-A, nas suas Artes Gráficas, no seu gosto pela pintura... pensei. 
Mas, por vezes, algumas vezes, merecemos sentir, descobrir e procurar. Mary Jane... sometimes.


Aquando a sua esposição individual na ESE, numa data ainda fresca e nessas bem adornadas paredes, podia ler-se de si e um pouco mais entender...
...
"A sua inclinação humanista revela-se com vigor nos quadros executados. No seu processo criativo vai revelando as expressões e semblantes como concepção artistica, representando e afirmando a sua opção temática da figura humana, do figurativo que será o fio condutor da sua obra mais recente."
...
Maria João Galvão... 
Na bela Arte e na rica Amizade, Mary Jane no Azul assim ficou.



 by FerdoS

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Parlez moi d'Amour...


Num instante anunciado deixei-me levar
Leve como uma branca e cintilante pluma
Como a suave brisa que sinto junto de ti
Deixei-me sentir nesse momento de tocar

O grão de tempo deu lugar a mais um e mais outro
Seguindo-se um outro e depois alguns mais
E quando realmente do eterno sono despertei
Seria pouco toda essa vida e efémera demais

Na revolução esperada no interior o vento soprou
Forte e vibrante, intenso e apaixonante
Ergueu as calmas ondas de um sabor a mar
E varreu todo o passado e agora presente

Mil e um tempos se passaram entretanto
Ses e porquês, mas e talvez, teimavam em ficar
Questões de outras vidas vividas, por viver
E a água e o ar continuavam a varrer sem cessar

Agrestes e gélidos momentos no abrigo ocorreram
A sós tudo se torna árido e infértil dentro do nosso farol
No penhasco lançamos mensageiras garrafas a flutuar
Mas o neptuniano varrer trazia-as de volta ao raiar do sol

O Segredo é Acreditar, incessante este chamamento
Desde sempre transportado no herdado saber milenar
Procura e serás encontrado, encontra o que haverás procurado
E assim seria até ao dia da garrafa não mais voltar

Tempo de Encontro, tempo de sincronizar
Não voltaremos a nos procurar neste navegar
Tempo de Abrigo, tempo de querer Viver
Não voltaremos a nos perder neste estranho voar

Desta vez não trago presentes imensuráveis de novos mundos
Desta vez não possuo belos prados dourados para te ofertar
Desta vez não transporto poções mágicas de outros povos
Não, desta vez tudo isso ficou no seu de sempre lugar

Hoje trago apenas a simplicidade no olhar, no toque
O meu sorriso reflectido no teu brilho d’encantar
Neste sabor e aroma envoltos num uníssono ’Amore Mio’
Hoje trago apenas Todo o meu Eu para te entregar

Um dia farei de ti a pessoa mais feliz do mundo...



;) FerdoS ;)

(Sim, esta nova entrada é e será sempre para ti... Parabéns MPG)

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Convento da Arrábida...

Lendas e estranhos rituais. Os arrábidos franciscanos... Os Espirituais!
As guaritas, quase (in)completas, nas poucas erguidas, um grande amor ao regresso nebuloso de El Rei D. Sebastião!
Os símbolos que Frei Martinho nos confidencia no rosto, nas mãos, na alma e no coração, sobre os seus pés, na esfera, em toda a sua devoção. 
A Província de Santa Maria da Arrábida. A ligação a Mafra e a Sintra. O Retiro. As Cavernas. A Casa de Palmela. As Ordens. Os Encontros. O Verde e o Mar.

Existem palavras e frases, fotos e personagens, sensações e deveres que nos deixam ainda a pensar... Mistério! Mas...sabem?!... As respostas estão exactamente neste lugar que tive o muy prazer de visitar. Vamos a um pouco de história...

O Convento da Arrábida, construído no século XVI, abrange, ao longo dos seus 25 hectares, o Convento Velho, situado na parte mais elevada da serra, o Convento Novo, localizado a meia encosta, o Jardim e o Santuário do Bom Jesus.
No alto da serra, as quatro capelas, o conjunto de guaritas de veneração dos mistérios da Paixão e algumas celas escavadas nas rochas formam aquilo a que convencionou chamar-se o Convento Velho.

O convento foi fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria, franciscano castelhano a quem D. João de Lencastre (1501-1571), primeiro duque de Aveiro, cedeu as terras da encosta da serra.
Anterior à construção, existia onde é hoje o Convento Velho, a Ermida da Memória, local de grandes romarias, junto da qual, durante dois anos, viveram, em celas escavadas nas rochas, os primeiros quatro frades arrábidos: Martinho de Santa Maria, Diogo de Lisboa, Francisco Pedraita e São Pedro de Alcântara.

D. Jorge de Lencastre, filho do 1º duque de Aveiro, continuou as obras mandando construir uma cerca para vedar a área do convento. Mais tarde, seu primo D. Álvaro, mandou edificar a hospedaria que lhe servia de alojamento e projectou as guaritas, na crista do monte, que ligam o convento ao sopé da montanha, deixando, no entanto, três por acabar.
Por sua vez, D. Ana Manique de Lara, nora de D. Álvaro, mandou construir duas capelas, enquanto o filho de D. Álvaro, D. António de Lencastre, mandou edificar, em 1650, o Santuário do Bom Jesus.

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento, as celas e as capelas dispersas pela serrania sofreram várias pilhagens e enormes estragos causados pelo abandono. Em 1863, a Casa de Palmela adquiriu o convento mas as obras só começaram nas décadas de 40 e 50 do século seguinte. Quarenta anos depois, em 1990, o seu então proprietário, Manuel de Souza Holstein Beck, vendeu o convento e a área envolvente, num total de 25 hectares, à Fundação Oriente, a única instituição, que, em seu entender, dava garantias de manter os mesmos valores com que, no século XVI, os seus antepassados o entregaram aos arrábidos.


Texto: Fundação Oriente / Fotos: CesarioL e FerreiraL / Magic by FerdoS

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Glass e os apóstolos...


O mestre e os seus seguidores.
Estreia na Casa da Música, para mim e provavelmente para este senhor também.
Minimalismo mais que esperado na Sala Suggia, por mim e pelas centenas (milhar?!) de seguidores.
O 'novo' profeta.

Se a música fosse uma religião, divina sim, então estaríamos na presença de um profeta.
Ele chegou, o céu escureceu e pouco depois uma voz superior por sim falou.
90 breves e eternos minutos. Sem terrenas pausas nem gélidos intervalos.
Ephemerol era servido fraternalmente pelos discípulos.
Philip e os seus discípulos.

A voz trazia paz, tranquilidade na melodia e uma estranha forma de entranhar. 
Algo fantástico e ao mesmo tempo de inquietar.
Falo contigo. Falo comigo. Falo com ele e com esse escuro céu.
A voz ali, parece agora surgir dentro de mim.
Intimista. Sereno. Perfeito. 
A Viagem faz-se simplesmente assim.

Percorremos estudos, metamorfoses, vórtices, corridas loucas e artífices...
Apenas tu. Apenas tu e eu.
A sala levantou-se e aplaudiu. 
Encore, encore e o templo renasceu.
Apenas... era uma vez...
Glass e os apóstolos. 

FerdoS

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Galeria dos Ofícios...


Se vos disser galeria dos ofícios muitos de vós dirão 'Qual delas? Que ofícios? Conheço tantas!', mas se juntar um pouco mais de requinte e escrever A Galeria dos Ofícios então já poderei ver alguns sorrisos por aí.
Aos que ainda duvidam resta-me apenas colocar alguns nomes cruzados e estranhamente familiares...
Leonardo da Vinci ou Sandro Filipepi, mais conhecido como Botticelli... Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio ou Ticiano Vecellio... Filippo Lippi ou Paolo di Dono, mais conhecido como Paolo Uccello... Pieter Paul Rubens ou Harmenszoon van Rijn Rembrandt... Albrecht Dürer ou... tantos e tantos outros.
Certamente que já se sente o calor de Itália, um sabor a Toscana, um aroma a Florença e um sussurro a Medici.
Bem-vindos à Galleria degli Uffizi!


Vamos a um pouco de história...
A Galeria Uffizi foi inaugurada em 1580 e é um dos museus de pintura e escultura mais famosos e antigos do mundo.
A colecção de arte Primitiva e da Renascença compreende obras-primas aclamadas, incluindo trabalhos dos ilustres senhores acima referenciados, entre muitos outros.
A sua história está intimamente relacionada com a da família Medici.
Quando Cosimo Primeiro de Medici chegou ao poder em 1537, com apenas 18 anos, demonstrou extraordinárias habilidades políticas e militares, e logo se tornou senhor de quase toda a Toscana, onde Florença era o centro do Estado.
Dada a importância de Florença, seria necessário promover um imponente desenvolvimento urbano.


Cosimo pediu a Giorgio Vasari, um dos principais pintores e arquitetos da época, que construísse um edifício para sediar os escritórios administrativos da Toscana, os chamados ofícios (uffizi). No seu andar superior, o Grão Duque Francesco Primeiro criou a Galeria Uffizi, que foi enriquecida por vários membros da família Medici, grandes coleccionadores de pinturas, esculturas e obras de arte.
A sua construção é cheia de detalhes, o que mostra a riqueza dos Medici. O prédio, em formato de ferradura, é formado por duas longas alas paralelas interligadas por uma pequena área que beira o rio Arno. Um dos terraços da Galeria foi transformado num jardim suspenso, onde a corte se reunia no fim da tarde para escutar música (inexistente actualmente).
Para facilitar o trânsito entre a sua residência, Palazzo Pitti, e a galeria, os Medici construíram um corredor que liga os dois terrenos, passando por cima do rio Arno e por dentro de vários outros prédios. O Corredor Vasariano, como ficou conhecido, era um indicador do prestígio da família Medici, que construiu a sua própria forma de chegar ao centro administrativo do ducado sem precisar de escolta para se deslocar.
Com o fim da dinastia Medici no século XVIII, a colecção foi doada à cidade e a sua exibição foi reorganizada pelos duques de Lorraine, que passaram a governar a Toscana, e posteriormente pelo próprio Estado italiano.


O Grão Duque Cosimo Terceiro expandiu o edifício no século XVIII, abrindo galerias para auto-retratos, porcelanas, medalhas e bronzes. O museu também tinha uma ala dedicada à história natural, onde eram exibidos animais empalhados, múmias, ovos de avestruz e chifres de rinoceronte. No fim desse século uma reorganização foi promovida de acordo com critérios iluministas e a parte relacionada à ciência foi separada da parte artística.
Na segunda metade do século XIX, a tendência em transformar Uffizi numa galeria de pinturas acentuou-se, muitas esculturas renascentistas foram transferidas para o Museu Nacional de Bargello e as esculturas etruscas foram para o Museu Arqueológico.
Em 1993 um carro-bomba causou sérios danos em várias alas da galeria, prejudicando também o Corredor Vasariano.
Em 1998 foi realizado um concurso para reformar a galeria e nos próximos anos pretende-se realizar uma expansão para que esta passe a ocupar todo o primeiro andar de Uffizi. Com isso, espera-se que o número de visitantes, que chega a 4.000 pessoas por dia passe para cerca de 7.500. O número de obras expostas também vai aumentar, passando de 1.200 para 2.000.
A reter ficará sempre que a Galleria degli Uffizi hoje em dia é uma das maiores atrações turísticas de Florença e um dos mais importantes museus do mundo.

FerdoS

(Fonte: Galleria Uffizi e Wikipedia)