quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sacré-Cœur...

A Basílica do Sagrado Coração ou, como é conhecida por todo o mundo, Sacré-Cœur é uma igreja católica romana situada no ponto mais elevado de Paris, em Montmartre, e é um marco deliciosamente familiar na Cidade-Luz.

Existirá melhor localização para os amantes se encontrarem, trocarem promessas de amor e um qualquer artista poder eternizar?!...
Não creio.

Desde os tempos mais antigos, Montmartre foi sempre um lugar de culto. De druidas, de gauleses, de romanos e os seus templos dedicados aos deuses Marte e Mercúrio, de católicos, com a igreja de São Pedro construída perto da Abadia Real de Montmartre no século XII pelo rei Louis VI e a sua esposa Adelaide de Sabóia, até que finalmente o Sagrado Coração erigido no fim do século XIX. 

O local onde está Sacré-Cœur é tradicionalmente associado à decapitação de Saint Denis, patrono da cidade desde o século III. De acordo com a lenda o bispo Denis, depois de martirizado, pegou na sua cortada cabeça e carregou-a por muitos quilómetros rumo ao norte onde se localiza hoje a cidade de Saint Denis. 
O monte foi posteriormente o local de uma grande Abadia Beneditina, que acabou por ser destruída durante a Revolução Francesa.

Depois de a França ter sido derrotada pelos Prussianos em 1870 na guerra Franco-Prussiana (e sofrendo as suas consequências), após a Comuna de 1871, a basílica foi planeada como oferenda de expiação e um voto de confiança para curar os infortúnios da França. 

A Basilique du Sacré-Coeur foi projectada pelo arquitecto Paul Abadie num estilo arquitectónico Romano-Bizantino. A sua pedra inicial foi colocada em 1875 e só foi terminada em 1914. 
Foi aberta oficialmente como igreja em 1919, após o fim da Primeira Guerra Mundial. 

Words by FerdoS
Moleskine sketch 'Sacre Coeur 2008' by FSΣRRANΦ 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nuno Sá, açoriano azul marinho...


O Epson World Shootout, um concurso com características únicas que decorre  em todo o mundo, atribuiu o primeiro prémio da categoria "Grande Angular"  à fotografia de Nuno Sá, que mostra um tubarão azul junto ao banco submarino  "Condor", no mar dos Açores. 
O fotógrafo português, especializado em vida marinha selvagem e considerado  um dos melhores do mundo, disse à Lusa que também conquistou o quarto lugar  na mesma categoria "Grande Angular" com uma imagem de jamantas (da família  das raias) tirada junto ao banco submarino "Princesa Alice", nos Açores.
O Epson World Shootout decorreu durante todo o mês de agosto, período  em que milhares de fotógrafos amadores e profissionais recolheram as imagens  que submeteram à apreciação do júri. 
Na edição deste ano concorreram 226 fotógrafos de 27 países, desde a  China à Papua Nova Guiné, que apresentaram 1.556 imagens a concurso. 

Este foi o terceiro prémio internacional de relevo conquistado este  ano por Nuno Sá, que é um dos fotógrafos mais premiados a nível mundial  na área da vida marinha selvagem. 
O fotógrafo, que vive há vários anos nos Açores, foi recentemente distinguido,  também com imagens de tubarões azuis, no Wildlife Photographer of the Year,  considerado o maior concurso de fotografia de natureza a nível mundial,  e no Natures Best Photography, o principal concurso de fotografia de natureza  que se realiza nos Estados Unidos. 
Photos by Nuno Sá; Words by Lusa; Powered by FerdoS

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O mundo de sonhos de Chiho Aoshima

Strawberry Fields - Chiho Aoshima 2003

Chiho Aoshima é uma artista contemporânea japonesa que nasceu na cidade de Tóquio em 1974. A sua pintura identifica-se muito com o Pop Art, Simbolismo e Surrealismo. Frequentou a Hosei University, de Tóquio e foi artista residente na Art Pace em San Antonio, EUA, em 2006. Actualmente vive e trabalha em Tóquio.

Chiho Aoshima exhibition at Gloucester Road tube station - London

Esta jovem artista gráfica começou a sua educação artística nos estúdios de Takashi Murakami (fundador do movimento pós-moderno Superflat) sem formação artística formal. Mais tarde, 1999, inicia exposições colectivas, seguindo-se as individuais por todo o globo. 
Os seus trabalhos envolvem muitas vezes cenas de sonhos e paisagens surreais, incluindo fantasmas, demónios, natureza e jovens mulheres. 
Aoshima imprime imagens em grande escala, utilizando impressoras profissionais de grande porte,  principalmente em papel, mas também recorrendo a materiais como couro e superfícies em plástico, dando assim diferentes texturas aos seus trabalhos. Recentemente, 'descobre' a escultura e a animação aliadas a uma crescente projecção internacional.

We are battered by nature, we are loved by nature - Chiho Aoshima 2007

"My work feels like strands of my thoughts that have flown around the universe before coming back to materialise." 


FerdoS

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Louise Bourgeois...a mulher-aranha.


Nascida em Paris, no dia de Natal de 1911, e residente em Nova York desde 1938, Louise Bourgeois foi uma das maiores artistas da segunda metade do século XX e início de XXI. O seu trabalho, que tem percorrido o Surrealismo, o Expressionismo Abstracto e o Minimalismo, oscilando entre a geometria abstracta e realidade orgânica, escapa a todas as tentativas de classificação artística. Ela desenhou, pintou, esculpiu, criou enormes instalações, gravuras e um infinito número de objectos, utilizando todos os tipos de formas e materiais (madeira, papel, metal, látex, tecido, mármore, etc).

"De forma a expressar as insustentáveis tensões familiares, eu tinha de expressar a minha ansiedade em formas que eu pudesse modificar, destruir, e reconstruir"


Baseada na sua memória, emoção e reativação das lembranças de infância (fala muitas vezes na sua mãe protectora, daí a sua aranha gigante), Louise Bourgeois seguiu uma abordagem subjetiva, trazendo para a arte conceitos feministas e psicológicos antes de estes fazerem parte da cultura popular, marcando as suas exposições por uma intensidade emocional e erótica.

"A 'Aranha' é uma ode à minha mãe que era a minha melhor amiga. Como uma aranha, minha mãe era uma tecedeira. A minha família restaurava tapetes e a minha mãe dirigia a oficina. Como as aranhas, minha mãe era muito inteligente. Aranhas são presenças amigas que comem mosquitos. Sabemos que os mosquitos espalham doenças e são por isso indesejáveis. As aranhas ajudam e protegem, tal como minha mãe".


Em 1949 realizou a sua primeira exposição de escultura e, nos anos de 60 e 70, os seus conteúdos tornaram-se mais sexualmente explícitos. O seu trabalho começou a ser apreciado e reconhecido na década de 70 como resultado da mudança de atitude em relação ao feminismo e ao pós-modernismo. Em 1992 desenhou o pavilhão americano na Bienal de Veneza e participou na Documenta 9 em Kassel.
A sua obra está presente nas coleções de museus como o British Museum, Londres, Guggenheim Museum, Nova Iorque e Bilbau, Kunstmuseum Basel, Basileia, Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Tate Gallery, Londres ou o Whitney Museum of American Art, Nova Iorque.
Louise Bourgeois morreu, calma e serenamente, em Nova Iorque, a 31 de Maio de 2010 com... 98 anos!

FerdoS

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

XVII Galeria Aberta de Beja 2011


Inaugurou a 12 de Novembro e decorre até 30 de Dezembro, em Beja, a XVII Galeria Aberta, uma exposição colectiva que tem batido sucessivos recordes de participantes. Este ano, a exposição conta com 303 artistas regionais, nacionais e internacionais, cujas obras de Pintura, Escultura, Desenho, Gravura, Serigrafia e Fotografia, foram distribuídas por três locais: Galeria dos Escudeiros, Hospital da Misericórdia (Hospital velho) e Casa do Governador, no Castelo de Beja. O motivo da dispersão deve-se às obras de requalificação do Museu Jorge Vieira, cuja conclusão estava prevista para novembro, e ao elevado número de obras a expor.


Das trezentas e três obras expostas, eis as apresentadas por Fernando Serrano, André Lança, Susa Monteiro e Carlos Ribeiro. 
Uma visita a colocar na agenda, e a cumprir antes do novo ano chegar...

FerdoS

sábado, 29 de outubro de 2011

Fernando Brizio... Design made in PT


"Figura emblemática do design, Fernando Brízio surpreende com cada nova peça. Cria objectos simples, inteligentes e carregados de humor. Seria a pessoa certa para conceber os cenários de uma história de Lewis Carol. A sua obra não tem respostas. Tem perguntas. O design é uma profissão ou uma filosofia?"

Fernando Brízio nasceu em Huila, Angola em 1968.  Termina em 1996 o curso de Design de Equipamento da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Tem vindo a desenvolver, desde 1999, projectos de design de produto, cenografia e Expos

para a Authentics, Details, Protodesign, Atlantis, JM Glass, Droog Design, Coreógrafo Rui Horta, Modalisboa, DIM-Die Imaginäre Manufaktur, Intramuros, Fabrica/Benetton, Schréder, Lux/Loja Atalaia e Cor Unum.

Fernando Brízio sempre se destacou no panorama nacional, e cada vez mais no internacional, onde as suas propostas sempre foram conceptuais, deixando muitas vezes a estética do objecto ser ultrapassada. Mas ultimamente as suas propostas têm conseguido juntar essas duas vertentes, e com grande efeito.
Na exposição Tabourets, na Kreo em 2007, participou com o "banco em trompe l’oeil" Alice, que mais não é que, de forma brilhante, uma mesa de cabeceira “arquetipal” reduzida a uma imagem bidimensional (um wall sticker de PET, colado à parede) com uma gaveta tridimensional de madeira (na figura abaixo What You See is Not)Com esta proposta esteve também na Design Miami



Consciente do papel do designer enquanto construtor de um mundo artificial que o ser humano vai habitar, Brízio trabalha os objectos enquanto “suportes de relações” com o corpo, através da quais experienciamos a realidade. Esta intuição sensível informa projectos onde o humor, a subjectividade e a emoção se aliam a uma consciência aguda do funcionamento dos objectos e seus utilizadores num contexto que é não apenas físico mas também sócio-cultural, político e económico.
A concretização dos projectos constitui-se num processo de acumulação de valor e significado. Nele, o designer conduz um diálogo com os materiais e as oportunidades que estes ocasionam, os artesãos a que recorre, as particulares dos lugares onde trabalha. É nesta articulação de sensibilidades que a obra de Fernando Brízio revela o seu potencial configurador do mundo desenhado que habitamos e que, por seu turno, nos molda os gestos, o olhar, a experiência e conhecimento que dele temos.


Mergulhado no calor lisboeta, atravessando as ruas sem trânsito, as paragens de autocarro sem filas, Fernando Brízio passou o Verão em buscas antológicas. Vasculhou gavetas à procura de desenhos antigos, abriu caixotes há muito arrumados a um canto, esquadrinhou casas e armazéns. Encontrou projectos do tempo em que ainda era aluno da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, recuperou peças antigas e enumerou os achados. A encomenda da Experimentadesign era clara: juntar tudo o que criou na vida para montar uma exposição retrospectiva.


Words by M. Carona, Experimentadesign, playtime and FerdoS

domingo, 16 de outubro de 2011

The Fifth Empire...


God wills, man dreams, the task is born.
God wanted the world to be whole,
The sea to connect, and no longer divide.
He chose you and you went forth unraveling the foam,

And the white rim went from island to continent,
Clearing up, racing, to the end of the world,
And the whole Earth was suddenly seen,
Emerging, round, from the deep blue.

He who hallowed you, made you Portuguese.
Of the sea and us, in you he gave us a sign.
The Sea was accomplished, and the Empire was undone.
Lord, Portugal is yet to be accomplished!

"Mensagem" by Fernando Pessoa



This poem, dedicated to Prince Henry, the Navigator, is one of the best known in Mensagem. The often-cited last verse is related with the main theme of the Poem: Portugal has a mission, the first part of which was the spearheading of the Discoveries (the unraveling of the foam, that went from island to continent). But its accomplishment as a nation is not yet complete for there is a second part to its mission: the showing of the way to the Fifth Empire!
...
We're ready!
...
FerdoS

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

L' Espirit...

( L'Espirit - 1991 - Oil - FSerrano © )

L'esprit de l'escalier (or l'esprit d'escalier), usually translated as "staircase wit", is the act of thinking of a response, argument or clever comeback when it is too late to deliver it. The phrase can be used to describe a riposte to an insult or any witty remark that comes to mind too late to be useful, after one has left the scene of the encounter. The phenomenon is usually accompanied by a feeling of regret at not having thought of the retort when it was most needed or suitable.
This name for the phenomenon comes from French encyclopedist and philosopher Denis Diderot's description of such a situation in his Paradoxe sur le comédien. During a dinner at the home of statesman Jacques Necker, a remark was made to him which left him speechless at the time, because, he explains, "l’homme sensible, comme moi, tout entier à ce qu’on lui objecte, perd la tête et ne se retrouve qu’au bas de l’escalier" ("a sensitive man, such as myself, overwhelmed by the argument levelled against him, becomes confused and can only think clearly again [when he reaches] the bottom of the stairs"). 
In this case, “the bottom of the stairs” refers to the architecture of the kind of hôtel particulier or mansion Diderot had been invited to. In such houses, the reception rooms were located on the étage noble, the noble storey, one floor above the ground floor, so that to have reached the bottom of the stairs means to have definitively left the gathering in question.

Oil by FSerrano / Photo by FerdoS / Words by Wiki

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Algar do Carvão...dentro do cone de um vulcão!


A grande erupção, conhecida como “do Pico Alto”, que ocorreu a norte do aparelho vulcânico do Guilherme Moniz, já existente, derramou as suas lavas a grande distância. Mais tarde, uma nova erupção, desta vez basáltica, rasgou o solo e iniciou um processo que levaria à formação de um vulcão estromboliano – O Pico do Carvão. Numa primeira fase, ao forçar e tentar romper o derrame traquítico, já existente e que constituía uma barreira natural de consistência pouco “colaborante”, formou a zona da lagoa e as duas abóbadas sobre a mesma. Posteriormente, numa nova tentativa de evasão, as lavas basálticas, romperam mais ao lado a actual chaminé, saindo para o exterior. Na sua fase final o magma desceu para o interior das condutas mais profundas e da câmara magmática, dando origem, essa ausência quase instantânea do magma, à formação do Algar propriamente dito.
Os derrames de lava muito efusiva, produziram rios de lava ácida muito fluídas que carbonizaram vegetação existente. A datação de um dos fósseis então formados, dá para o Algar do Carvão uma idade de aproximadamente dois mil anos.
O cone vulcânico, que alberga no seu interior, situa-se sensivelmente no meio da ilha Terceira, a norte da cidade de Angra do Heroísmo, distando desta cerca de 12 Km por estrada. O acesso é fácil, recorrendo à rede viária pública que apresenta sinalização suficiente para o efeito. Possui uma posição geográfica de coordenadas 38º 45’ N e 27º 15’ W e uma altitude de sensivelmente 640 m.



O primeiro relato de uma descida ao Algar do Carvão de que se tem conhecimento data de 26 de Janeiro de 1893, com a utilização de uma corda, levada a cabo por Cândido Corvelo e José Luís Sequeira. Uma segunda descida foi efectuada por Didier Couto, em 1934, que elaborou o primeiro perfil do Algar. Em 1962 outro grupo desconhecido terá descido. Apenas a 18 de Agosto de 1963, se deu início a descidas organizadas ao interior do Algar, por um grupo de entusiastas, que mais tarde se haviam de organizar numa associação denominada de “Os Montanheiros”, com recurso a um sistema mais elaborado.
Com recurso a sistemas de iluminação portáteis mais eficientes foi possível a progressão no Algar de forma a explorá-lo até ao mais remoto e ínfimo buraco. Com a recolha de elementos caídos no chão foi possível trazer à luz do dia e aos olhos de todos uma mostra de alguns dos materiais que componham a gruta. Após as primeiras descidas, e com o valor patrimonial que haviam reconhecido nesta cavidade, decidiram que algo de tão belo e raro deveria ser partilhado com muitos outros. O sistema de descida, pela boca do Algar, não tornava essa tarefa viável, uma vez que levavam praticamente um dia para fazer descer e subir 6 a 8 pessoas, mesmo assim muitas foram as expedições realizadas com esse propósito, que nos fins-de-semana faziam deslocar dezenas de populares a cada vez. Uma solução mais funcional, para levar os interessados ao interior do Algar, estava no entanto à vista. Com os Montanheiros já constituídos, foram feitos levantamentos topográficos para a abertura de um túnel, de forma a permitir um fácil acesso a quem quisesse visitar e estudar este algar. Com início em 28 de Maio de 1965 e até 28 de Novembro de 1966, aos fins-de-semana e feriados, conseguiram os Montanheiros rasgar um túnel de 44 metros até ao interior do algar, que veio mais tarde a ser alargado e consolidado a betão. Foram feitas escadarias no interior, inicialmente em madeira para permitir o acesso à parte inferior do algar. Diversos actos de vandalismo destruíram totalmente essas escadas interiores. Posteriormente, em 1977, foi construída a actual escadaria em betão, com uma extensão total de 300 metros, repavimentada e alargada em 2003. 


O valor e mérito que a associação Os Montanheiros mostrou, em todo este longo período de expedições ao Algar, nomeadamente com a abertura do túnel e a construção da estrada, não passaram despercebido ao proprietário dos terrenos, com quem os Montanheiros mantinham uma relação de amizade, e que haviam autorizado verbalmente todas essas acções. Não é pois de estranhar que a 30 de Novembro de 1973 uma porção desse terreno, que albergava o algar, fosse doada por José Ataíde da Câmara e sua esposa aos Montanheiros. Foi doada ainda a faixa de terreno, onde Os Montanheiros haviam rasgado o acesso, derivando do Caminho do Cabrito, que facilitava a chegada ao Pico do Carvão e que actualmente se tornou em caminho de domínio público. É sem dúvida a cavidade vulcânica mais conhecida nos Açores tendo-se tornado na primeira com condições de recepção a visitantes, nomeadamente com uma entrada artificial desenvolvida para esse fim (túnel), electrificação permanente, horário e calendário anual de aberturas ao público. Após o término do caminho e do túnel, procedeu-se à respectiva inauguração, a 1 de Dezembro de 1968, data da primeira abertura ao público. Era então o algar procurado e visitado pela população destas ilhas e alguns turistas que por cá passavam, guiados por elementos de "Os Montanheiros", e iluminados por focos de mão, de testa e candeeiros a gás. Em 1987 conseguiu-se terminar a montagem de um primeiro sistema de iluminação fixa no interior, alimentado por um gerador. Com o decorrer do tempo, foi construída uma casa-apoio para recepção dos visitantes e outra para albergar os grupos geradores e arrumos. Actualmente este Algar está aberto durante o Verão a todos aqueles que o queiram visitar, registando anualmente uma procura da ordem dos vários milhares de visitantes.



Photos by FerdoS / Words by Os Montanheiros

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Uma Real Vila Viçosa Poética...


Porque também eu faço parte dela, como ela de mim, nas recordações de infância, na genealogia presente, na sua riqueza cultural e no sangue real que lhe corre nas azuis veias encorpadas num sublime rosa mármore... Hoje, uma encantadora sugestão de minha autoria. Bem-vindos a este nosso Real Alentejo Calipolense!

Vila Viçosa é uma bonita Vila Alentejana, sede de concelho, com uma rica história e um património invejável, sendo mesmo conhecida por Princesa do Alentejo
Desde cedo ocupada pelo homem, Vila Viçosa apresenta vestígios arqueológicos desde tempos pré-históricos, tendo sido ocupada pelos romanos e muçulmanos até ser conquistada em 1217, durante o reinado do rei D. Sancho II. Foi em 1461 que Vila Viçosa viu enriquecido o seu território, ao passar a fazer parte do ducado de Bragança, e em 1502 inicia-se a construção do Paço Ducal de Vila Viçosa, o seu mais emblemático monumento.



Em 1910, com a Proclamação da República, Vila Viçosa caiu em franca decadência, devido ao objectivo dos republicanos em apagar todos os vestígios da monarquia, conseguindo contudo, já na década de 30, reerguer-se muito devido à exploração de uma das suas maiores riquezas: os Mármores, mas também ao início da indústria turística, abrindo-se o Paço Ducal com esse intuito. De facto, Vila Viçosa é conhecida mesmo internacionalmente pela abundância de mármore na região, nomeadamente o rosa, extraído e explorado a partir de mais de 160 pedreiras. Localizada numa das regiões mais férteis do Sul de Portugal, Vila Viçosa apresenta inúmeros monumentos de grande interesse, destacando-se o Castelo do século XIII, a bonita Igreja Matriz, a Igreja e Convento dos Agostinhos, os Conventos de Santa Cruz, Capuchos, da Esperança ou o renascentista Convento das Chagas, bem como as muitas casas apalaçadas decoradas com o tradicional mármore, e a grande herança manuelina por entre pormenores arquitectónicos da vila. A oferta museológica é também variada, com destaque para o Museu do Mármore, o dos Coches, o de Arqueologia e o de Arte Sacra, não esquecendo o Museu da Caça, que tanto se adequa a estas paragens, com a sua Tapada Real, o antigo couto de caça dos duques com um perímetro de 18 quilómetros, de grande beleza. Entre as várias personalidades naturais de Vila Viçosa, destaca-se a poetisa Florbela Espanca, precursora do movimento feminista em Portugal, e autora de fabulosas obras de arte, conseguindo levar a glória da Vila mais além. 

Meio-dia. O sol a prumo cai ardente,
Dourando tudo…ondeiam nos trigais
D´ouro fulvo, de leve…docemente…
As papoulas sangrentas, sensuais…
Andam asas no ar; e raparigas,
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram por entre o ouro das espigas
Os perfis delicados e trigueiros…
Tudo é tranqüilo, e casto, e sonhador…
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: onde há pintor,
Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!
(in No Meu Alentejo - Florbela Espanca)

FerdoS
(Photos by Marco Coelho e Carlos Silva)

Quantas viagens e mochilas depois Bruce Chatwin?!...

“Esta manhã não tenho nenhuma religião em especial. Meu Deus é o Deus dos Caminhantes. Se alguém caminhar o suficiente, é bem provável que não necessite de nenhum outro Deus.”


Chatwin, autor de “Na Patagónia”, “O Vice-rei de Ajudá” , “Que Faço eu Aqui” e “ O Canto Nómada”, entre outros, nasceu em 1940 e morreu de sida em 1989. Trabalhou como jornalista no Sunday Times Magazine e ficou famosa a sua carta de demissão onde escreveu apenas, “Fui para a Patagónia”. Foi antiquário mas principalmente viajante e atraía tanto homens como mulheres com o seu ar de rapaz atrevido – na realidade, Chatwin era totalmente narcísico e havia nele qualquer coisa de "podre" como afirma Dwight Garner. O mais interessante tem a ver com as suas incontáveis viagens solitárias, os seus hábitos pouco "ortodoxos" – conta-se que fazia caminhadas pelo campo, nu, com botas e flores atadas ao pénis – a sua amizade com Susan Sontag – que dizia que Chatwin era o único amigo capaz de partilhar com ela uma refeição em Chinatown de "intestinos fritos e unhas dos pés" – e com Paul Theroux. Foi através de Sontag que poderá ter conhecido Sam Wagstaff, o patrono e amante de Robert Mapplethorpe que Chatwin dizia ter sido quem o infectou com o HIV – outras vezes contava que tinha sido repetidamente violado no Daomé. Na sua correspondência, torna-se visível o tipo de relação que teve com a mulher de quem viveu separado a maior parte do tempo – casaram em 1965 – mas que o tratou devotadamente durante a doença. Uma personagem complexa e trágica que provocou polémicas devido ao facto de nem sempre descrever as culturas, as pessoas e os lugares que conheceu com objectividade. Ao fim e ao cabo Chatwin era um escritor e não um sociólogo, historiador ou antropólogo…


Eis um livro que podemos classificar como um marco na literatura odepórica moderna: Na Patagónia, de Bruce Chatwin. Publicado em 1977 foi a primeira obra escrita pelo autor inglês e a que o consolidou como um dos grandes travel writers britânicos de todos os tempos.
O que diferencia essa obra de tantas outras narrativas de viagem? Algumas particularidades, entre elas a habilidade de Chatwin em misturar no seu relato de viagem a ficção com a realidade; essa obra marca um novo olhar sobre os relatos de viagem, onde o narrador sente-se livre para interpretar aquilo que vê e vivência sem se prender à realidade absoluta das circunstâncias. É claro que isso, em algum momento, poderá desagradar a algumas pessoas, particularmente aquelas que fazem parte da história, como de facto aconteceu com Chatwin (alguns dos personagens entrevistados disseram mais tarde que suas conversas com o escritor não aconteceram da forma como foram relatadas).
Para Chatwin existem algumas chaves de leitura para que se possa captar melhor o propósito de sua obra. Para ele, a Patagónia é o lugar mais distante que o homem caminhou desde o seu local de origem, sendo por essa razão um símbolo de inquietação, de desassossego. Na opinião de Chatwin, a descoberta da Patagónia teve o mesmo efeito na imaginação do homem que a chegada à lua, de forma ainda mais poderosa.
Na Patagónia o autor intercala passagens históricas e lendárias relacionadas aos lugares pelos quais vai deambulando, e isso contribui muito para que se crie na nossa mente o imaginário de uma Patagónia quase mítica, como se essa região do planeta fosse de facto um fim do mundo para onde se dirigem todos os exilados do planeta, para onde vão aqueles que já não encontram o seu espaço na sociedade. Para esses, a vida só tem sentido na solidão, entendida aqui nos seus aspectos mais diversificados (geográfica, social, familiar, espiritual...). Uma obra grandiosa, Na Patagónia é uma lição para quem quiser aprender como escrever um relato de viagem com muito estilo e categoria.


FerdoS 
(Desenho: Shawn Yu / Textos: Comunidade de leitores e P.Césare )

sábado, 6 de agosto de 2011

Rotas e Percursos de grandes cidades em BD...

A partir de 13 de Julho, o Público começou a distribuir à quarta-feira uma série de sete guias consagrados a Veneza, Roma, Nova Iorque, Florença, Marraquexe, Praga e Bruxelas. A colecção Rotas e Percursos é uma iniciativa conjunta com as Edições Asa, composta por guias com itinerários urbanos que têm a particularidade de serem ilustrados por grandes nomes da BD mundial. Desenhos originais, planos das cidades vistos à lupa, informação sobre os bairros históricos, dicas sobre lugares pouco conhecidos, curiosidades e histórias da cidade são alguns dos conteúdos destes livros onde as fotografias foram integralmente substituídas por ilustrações e imagens de banda desenhada. Os roteiros dos dois primeiros títulos são feitos na companhia de Corto Maltese e Alix.
Se perdeu os primeiros volumes, não desespere, pode sempre encomendar os que estão em falta numa banca perto de si. Recomendo sim :)
by FerdoS (Kuentro e Fugas)

sábado, 30 de julho de 2011

Escrever, Viajar e Ler com Moleskine...


A Moleskine, criadora dos mais míticos blocos de notas para viajantes, acaba de lançar três novas colecções para Escrever, Viajar e Ler que vão muito além dos tradicionais cadernos. Estes novos blocos, desenhados por Gilio Iacchetli, incluem canetas e lápis, mas não só.
Chegam com malas e sacos, óculos e suportes de leitura, além de lanternas recarregáveis através de ligação USB. A ideia é criar um "pacote de ferramentas de fruição cultural e vida nómada", explica a marca. Mas, apesar de surgirem com um toque de alta tecnologia, "os novos acessórios mantêm muitas das características familiares dos cadernos Moleskine", como o elástico, a cor preta e até a etiqueta in case of loss (em caso de perda).


Além disso, são destacáveis, o que possibilita a personalização de cada bloco como um único. Apresentadas em Portugal na semana passada, na LX Factory, em Lisboa, as colecções Moleskine Writing, Travelling and Reading já estão disponíveis em livrarias e lojas um pouco por todo o país.


Em Setembro, há mais novidades do mundo Moleskine e com toque luso: chegam os cadernos Cover Art, desenhados pelo português Ricardo Cabral.

Moleskine... loved by FerdoS ( Words by Carla B. Ribeiro Fugas )

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Recordando uma deliciosa Seia de ARTIS...

O Festival ARTIS X, decorreu entre 7 de Maio e 5 de Junho de 2011, na Casa Municipal da Cultura de Seia e noutros espaços alternativos da cidade de Seia e para além da Exposição de Pintura e Escultura deste concurso, teve ainda a decorrer Mostras de Pintura, escultura e fotografia de artistas locais, num total de mais de 100 obras expostas.
Um convite à Arte, à sua gastronomia, às suas gentes, à cidade e obviamente à região. Excelente!


Eis a lista dos artistas que foram seleccionados para o concurso Salão de Artes Plásticas de Seia:

Fernando Serrano, Setúbal; Adriana Matos, Azambuja; Josil - Fortaleza (Brasil); José Constantino, Maia; Maia Caetano, Pinhel; Carlos Osório, Porto; Mariana Moura, Paço D’Arcos; Migvel Tepes, Povoa de Varzim; Ricardo Sanches, Soito; Rita Roque, Linda-a-velha;

Florentina Resende, Rio Tinto; Gina Valente, Vila Verde de Ficalho; Paula Aniceto, Santa Maria da Feira; Rui Tavares, Vila Real; Amie, Oliveira do Hospital; José Mário Santos, Maia; Bruno Soares, Viseu; Carina Alexandre, Seia; Carolina Chamusqueiro, Matosinhos;

Ana Garcia, Oliveira de Azeméis; Angela Belindro, Lisboa; José Rosinhas, Porto; Susana Stoyanova, Oeiras; Ricardo Cardoso, Seia; Adelino Cunha, Seia; Ana Carvalhal, Seia; Anabela Paiva, Maia; António Nogueira, Seia / Carapinheira; Belarmino Morgadinho, V. N. Poiares;


Daniel Lopes, Seia; Fernando Saraiva, Figueira da Foz; Hugo Maciel, Quinta do Conde, Sesimbra; Iliana Menaia, Ponte de Sor; José Carlos Marques, Oliveira do Hospital; Lucas Ressurreição, Seia; Patrícia Franco, Vila Nova de Gaia; Pedro Ribeiro, Seia; Virgínia Pinto, Seia.