terça-feira, 31 de maio de 2011

O Convento da Arrábida...

Lendas e estranhos rituais. Os arrábidos franciscanos... Os Espirituais!
As guaritas, quase (in)completas, nas poucas erguidas, um grande amor ao regresso nebuloso de El Rei D. Sebastião!
Os símbolos que Frei Martinho nos confidencia no rosto, nas mãos, na alma e no coração, sobre os seus pés, na esfera, em toda a sua devoção. 
A Província de Santa Maria da Arrábida. A ligação a Mafra e a Sintra. O Retiro. As Cavernas. A Casa de Palmela. As Ordens. Os Encontros. O Verde e o Mar.

Existem palavras e frases, fotos e personagens, sensações e deveres que nos deixam ainda a pensar... Mistério! Mas...sabem?!... As respostas estão exactamente neste lugar que tive o muy prazer de visitar. Vamos a um pouco de história...

O Convento da Arrábida, construído no século XVI, abrange, ao longo dos seus 25 hectares, o Convento Velho, situado na parte mais elevada da serra, o Convento Novo, localizado a meia encosta, o Jardim e o Santuário do Bom Jesus.
No alto da serra, as quatro capelas, o conjunto de guaritas de veneração dos mistérios da Paixão e algumas celas escavadas nas rochas formam aquilo a que convencionou chamar-se o Convento Velho.

O convento foi fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria, franciscano castelhano a quem D. João de Lencastre (1501-1571), primeiro duque de Aveiro, cedeu as terras da encosta da serra.
Anterior à construção, existia onde é hoje o Convento Velho, a Ermida da Memória, local de grandes romarias, junto da qual, durante dois anos, viveram, em celas escavadas nas rochas, os primeiros quatro frades arrábidos: Martinho de Santa Maria, Diogo de Lisboa, Francisco Pedraita e São Pedro de Alcântara.

D. Jorge de Lencastre, filho do 1º duque de Aveiro, continuou as obras mandando construir uma cerca para vedar a área do convento. Mais tarde, seu primo D. Álvaro, mandou edificar a hospedaria que lhe servia de alojamento e projectou as guaritas, na crista do monte, que ligam o convento ao sopé da montanha, deixando, no entanto, três por acabar.
Por sua vez, D. Ana Manique de Lara, nora de D. Álvaro, mandou construir duas capelas, enquanto o filho de D. Álvaro, D. António de Lencastre, mandou edificar, em 1650, o Santuário do Bom Jesus.

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento, as celas e as capelas dispersas pela serrania sofreram várias pilhagens e enormes estragos causados pelo abandono. Em 1863, a Casa de Palmela adquiriu o convento mas as obras só começaram nas décadas de 40 e 50 do século seguinte. Quarenta anos depois, em 1990, o seu então proprietário, Manuel de Souza Holstein Beck, vendeu o convento e a área envolvente, num total de 25 hectares, à Fundação Oriente, a única instituição, que, em seu entender, dava garantias de manter os mesmos valores com que, no século XVI, os seus antepassados o entregaram aos arrábidos.


Texto: Fundação Oriente / Fotos: CesarioL e FerreiraL / Magic by FerdoS

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