Não é particularmente bonito.
Não tem cores vivas.
Não tem um traço fino e cuidado.
Mas é intenso e estranhamente profundo.
Quem me conhece sabe que adoro o Outono. Tal como a primavera, o Outono tem um encanto diferente, uma luminosidade que me inspira, um brilho que me alumia o ser. Apesar de termos colocado os primeiros passos no Inverno, temperaturas quase negativas e muita chuva e trovoada que nos fazem desejar a hibernação, ainda estou Outonal. Sim, estou.
Recordo a viagem à austríaca Viena e a visita ao Leopold Museum no elegante Museumsquartier. Recordo Klimt, Kokoschka e Schiele. Recordo esses instantes. Os prazeres, as palavras, os sorrisos e o encontro com o aguardado ‘Autumn tree in the wind’. Já o conhecia mas, meus amigos, ao vivo é soberbo!
Os tons de Outono pincelados num óleo que nos cicatriza a tela e a alma, numa profunda reflexão onde a viagem a nós próprios está garantida…
O céu funde-se nos troncos, nas pernadas despidas do mundo exterior, onde apenas o nosso Eu parece prevalecer. Rugas do tempo parecem surgir dos tons cinza. No silêncio podemos ouvir o zumbido desse vento, a chuva que deseja chegar, a tempestade que tudo fará para que no horizonte possa cortar e rasgar.
Engraçado, momentos Nossos numa centenária tela de um prematuro findo Egon Schiele.
Introspecção positiva necessita-se. Não apenas por aqui, mas também por aí e ali.
Uma estação que nos pede para nos ouvirmos e colocar numa folha ou num pano cru, num palco ou num milhão de bits, uma sentida parte de nós. Chamemos-lhes inspiração, dádiva, criação ou reencarnação, não interessa a palavra mas sim o podermos partilhar esse nosso Saber estar.
Intenso o seu olhar. E julguei ver escrito em rabiscos no cinzento céu:
‘Procuram-se emoções.
Bons sentimentos, boas sensações, bons corações.
Procuram-se boas emoções.’
Coloquei essa foto Outonal à minha frente e pedi ao Sam para tocar uma música que me pudesse inspirar…
Arvo Pärt e o seu De Profundis, entretanto no piano, começaram a tocar…
;) Ferdos ;)
;) Ferdos ;)
Lindo! Não conhecia amigo, linda postagem.
ResponderEliminarTens que conhecer FM, a tela, a obra, o artista, o museu, o país... Irás adorá-los! Obg e bjinhos :)
ResponderEliminarDiziam os amigos mais íntimos, que Mario Quintana era o poeta das coisas simples e fazia pouco caso em relação à crítica. Conforme costumava comentar, sua poesia era feita simplesmente por sentir necessidade de escrever...
ResponderEliminarCANÇÃO DE OUTONO
O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dolorido
De carícia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
Mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte nenhuma!
Mario Quintana.
Mario Quintana, como muitos iluminados, seguia a máxima de Leonardo... 'Simplicity is the ultimate sophistication'... e eu entendo-os perfeitamente! ;) Obg
ResponderEliminarBeijinhos FM