Os pigmentos naturais, tais como ocres e óxidos de ferro têm sido utilizados como corantes, desde os tempos pré-históricos. Arqueólogos descobriram evidências de que os primeiros humanos costumavam pintar para fins estéticos, decorando o próprio corpo. Rudimentares pigmentos de tintas e equipamento para trituração, foram encontrados em cavernas nas margens do Rio Twin, na Zâmbia e acredita-se que tenham entre 350 e 400 mil anos.
Antes da Revolução Industrial, a gama de cores disponíveis para a arte e uso decorativo era tecnicamente limitada. A maioria dos pigmentos utilizados era derivado da terra, de alguns minerais ou de origem biológica. Pigmentos a partir de fontes incomuns, tais como materiais botânicos, resíduos animais, insetos e moluscos foram colhidos e comercializadas em longas distâncias. Algumas cores foram onerosas ou impossíveis de se misturar com a gama de pigmentos que estavam disponíveis. Como exemplo, o azul e o roxo passaram a ser associados a realeza por causa da dificuldade e custo em se conseguir estas cores.
Pigmentos biológicos eram muitas vezes difíceis de adquirir, e os detalhes da sua produção foram mantidos em segredo pelos fabricantes durante muitos anos. Tyrian Purple (conhecido também como Royal Purple) era um pigmento conseguido a partir do muco de uma uma espécies de caramujo, o Murex brandaris. A produção de Tyrian Purple para uso como tintura de tecido começou em 1200 a.C, pelos Fenícios, e foi continuada pelos Gregos e Romanos até 1453 d.C, com a queda de Constantinopla. O pigmento era caro e complexo para produzir, e itens coloridos com este tornaram-se associados ao poder e à riqueza.
Pigmentos minerais também foram negociados a longas distâncias. A única maneira de alcançar um rico azul profundo era usando uma pedra semi-preciosa, lápis-lazúli, para produzir um pigmento conhecido como ultramarino, e as melhores fontes de lápis-lazúli eram remotas e distantes.
O pintor flamenco Jan Van Eyck, trabalhando no século 15, não incluía normalmente o azul nas suas pinturas. Pintar um retrato com o azul ultramarino era considerado um grande luxo. Se o cliente que encomendava a obra queria azul, era obrigado a pagar extra. Quando Van Eyck usada lápis-lazúli, nunca misturava com outras cores. Ao contrário, ele aplicava a sua forma pura, quase como um esmalte decorativo. O preço proibitivo de lápis-lazúli forçava os artistas a procurarem pigmentos que pudesse substituir e fossem menos caros, tanto mineral (azurita, smalt) ou biológicos (índigo).
Os Espanhóis, com a conquista de terras no Novo Mundo no século XVI, introduziram novos pigmentos e cores para os povos de ambos os lados do Atlântico. Carmim, um corante e pigmento derivado de um insecto parasita encontrado na América Central e América do Sul , alcançou o estatuto de grande valor na Europa. Produzido a partir de insectos Cochonilha, secos e triturados, o carmim poderia ser utilizado na tintura de tecidos, pintura corporal, ou em forma sólida, para quase todos os tipos de tintas e cosméticos.
Os nativos do Peru já conheciam como produzir o carmim a partir da Cochonilha, como corante para tecidos, pelo menos desde 700 d.C, mas os europeus nunca tinham visto a cor antes. Quando os espanhóis invadiram o Império Asteca no que é hoje o México, eles foram rápidos em explorar a cor para novas oportunidades comerciais. O Carmim tornou-se a segunda mais valiosa mercadoria da região, próxima à exportação de prata. Pigmentos produzidos a partir do insecto Cochonilha, como exemplo, serviram para colorir os tecidos das vestes de cardeais católicos e os uniformes dos soldados ingleses, as "Casacas Vermelhas". A verdadeira fonte do pigmento, um insecto foi mantida em segredo até o século 18, quando os biólogos a descobriram.
Enquanto o Carmim foi muito popular na Europa, manteve-se a cor azul exclusivamente associada à riqueza e status. No século XVII, o mestre holandês Johannes Vermeer, muitas vezes fez uso abundante de lápis-lazúli , juntamente com Carmim e Amarelo indiano , em suas pinturas vibrantes, destinadas a decorar os mais luxuosos palácios.
Texto: Marcos Anghinoni