"Figura emblemática do design, Fernando Brízio surpreende com cada nova peça. Cria objectos simples, inteligentes e carregados de humor. Seria a pessoa certa para conceber os cenários de uma história de Lewis Carol. A sua obra não tem respostas. Tem perguntas. O design é uma profissão ou uma filosofia?"
Fernando Brízio nasceu em Huila, Angola em 1968. Termina em 1996 o curso de Design de Equipamento da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Tem vindo a desenvolver, desde 1999, projectos de design de produto, cenografia e Expos
para a Authentics, Details, Protodesign, Atlantis, JM Glass, Droog Design, Coreógrafo Rui Horta, Modalisboa, DIM-Die Imaginäre Manufaktur, Intramuros, Fabrica/Benetton, Schréder, Lux/Loja Atalaia e Cor Unum.
Fernando Brízio sempre se destacou no panorama nacional, e cada vez mais no internacional, onde as suas propostas sempre foram conceptuais, deixando muitas vezes a estética do objecto ser ultrapassada. Mas ultimamente as suas propostas têm conseguido juntar essas duas vertentes, e com grande efeito.
Na exposição Tabourets, na Kreo em 2007, participou com o "banco em trompe l’oeil" Alice, que mais não é que, de forma brilhante, uma mesa de cabeceira “arquetipal” reduzida a uma imagem bidimensional (um wall sticker de PET, colado à parede) com uma gaveta tridimensional de madeira (na figura abaixo What You See is Not). Com esta proposta esteve também na Design Miami.
Consciente do papel do designer enquanto construtor de um mundo artificial que o ser humano vai habitar, Brízio trabalha os objectos enquanto “suportes de relações” com o corpo, através da quais experienciamos a realidade. Esta intuição sensível informa projectos onde o humor, a subjectividade e a emoção se aliam a uma consciência aguda do funcionamento dos objectos e seus utilizadores num contexto que é não apenas físico mas também sócio-cultural, político e económico.
A concretização dos projectos constitui-se num processo de acumulação de valor e significado. Nele, o designer conduz um diálogo com os materiais e as oportunidades que estes ocasionam, os artesãos a que recorre, as particulares dos lugares onde trabalha. É nesta articulação de sensibilidades que a obra de Fernando Brízio revela o seu potencial configurador do mundo desenhado que habitamos e que, por seu turno, nos molda os gestos, o olhar, a experiência e conhecimento que dele temos.
Mergulhado no calor lisboeta, atravessando as ruas sem trânsito, as paragens de autocarro sem filas, Fernando Brízio passou o Verão em buscas antológicas. Vasculhou gavetas à procura de desenhos antigos, abriu caixotes há muito arrumados a um canto, esquadrinhou casas e armazéns. Encontrou projectos do tempo em que ainda era aluno da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, recuperou peças antigas e enumerou os achados. A encomenda da Experimentadesign era clara: juntar tudo o que criou na vida para montar uma exposição retrospectiva.
Words by M. Carona, Experimentadesign, playtime and FerdoS